quarta-feira, 20 de março de 2013

Grito Negro

Eu sou carvão!
E tu arrancas-me brutalmente do chão
e fazes-me tua mina, patrão.
Eu sou carvão!
E tu acendes-me, patrão,
para te servir eternamente como força motriz
mas eternamente não, patrão.
Eu sou carvão
e tenho que arder sim;
queimar tudo com a força da minha combustão.
Eu sou carvão;
tenho que arder na exploração
arder até às cinzas da maldição
arder vivo como alcatrão, meu irmão,
até não ser mais a tua mina, patrão.
Eu sou carvão.
Tenho que arder
Queimar tudo com o fogo da minha combustão.
Sim!
Eu sou o teu carvão, patrão.



José Craveirinha
(Poeta Moçambicano)

1 comentário:

  1. Para mim um dos maiores poetas moçambicanos, José Craveirinha sublinhou neste poema de reivindicação o seu ódio contra o patrão explorador, que os houve, que os haverá sempre, em todo a parte do mundo.

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