terça-feira, 5 de março de 2013

Quis fechar a mente na minha mão

A mente vagueia tanto,
Tanto, tanto, sempre a vaguear,
Não sei o que hei-de fazer
Para a conseguir parar

A mente foge-me sempre
Voa, anda por longe,
 não a consigo alcançar
Quando regressa,
 as notícias são de arrepiar

Hoje transmitiu-me sua visão:
Que o mundo está em crise,
Que há guerra, fome, miséria, corrupção
Isto faz sofrer meu coração

Tenho de a controlar
para não voar

Tentei. Não consegui.
Irei todo o tempo sofrer?
Não posso confiar nela.
Aonde a hei-de esconder?

Fechá-la? Irá agonizar?
Talvez no guarda-jóias,
Que tem uma abertura
Por onde poderá respirar

Por tão pequena abertura,
Ela continuou a fugir, a voar,
A fugir, a fugir, a voar, a voar,
Sem nunca parar, sem se cansar.

E se a fechar num cofre-forte
De onde não possa sair?
Será que sem oxigénio
Ela deixará de existir?

Já sei, já sei. Encontrei a solução
Vou fechá-la na minha mão,
Na minha mão. Bem apertadinha.
O ar entrará por entre os meus dedos,
ela poderá respirar mas não fugir
- Não tem por onde sair!...

Mas… não pode ser…
afinal…
continua a vaguear…
viaja para países longínquos
longe do meu horizonte
sem nunca me avisar

Cheguei à conclusão:
- A mente é inconstante
Incapaz de parar
Estará sempre a vaguear
Não a poderei controlar
Até que eu desista de viver,
Até que deixe de amar, de sonhar, de sofrer.

Celeste Cortez
(Poeta/Escritora Portuguesa)

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